Monaural

Author: Alex Beserra



O Underground brasileiro tem revelado bandas de diversos gêneros, e a diversidade de estilos vem aumentando cada vez mais. Em São Paulo, por exemplo, algumas bandas independentes seguem uma linha muito influenciada pelo Grunge, gênero musical de origem americana, mais precisamente da cidade de Seattle, e que tem o Nirvana como o representante mais famoso da cena. O Monaural é uma das bandas paulistas que "bebe muito dessa água".
A banda fez o lançamento virtual do primeiro album da carreira há pouco mais de um mês, entitulado "Expurgo". A produção do trabalho começou no segundo semestre de 2007 e contou com a ajuda de Davi Rodriguez (Ecos Falsos), e Clayton Martin (Detetives/Cidadão Instigado). O disco já está disponível para download na internet, mas em breve ele será lançado em formato físico também. O desenho da capa do cd (imagem que abre esse post) foi feito por Marcatti, desenhista que também já trabalhou em algumas capas da consagrada banda Ratos de Porão.
O Monaural começou suas atividades em 2003. De lá pra cá, a banda lançou o EP "Monaural" (2003) e os singles "Farsa" (2005) e "Acaba logo com isso" (2008), além de uma coletânea de B-Sides lançada este ano, com um material feito de 2005 à 2007. Nos primeiros trabalhos do Monaural é possível notar uma influência muito declarada de Nirvana, embora atualmente o trio vem explorando novas caracteírsticas com diferentes influências, como Queens Of The Stone Age, Foo Fighters e Smashing Pumpkins. "Expurgo" é o retrato dessa mudança, mas a tal "massa sonora gorda e suja passando por um cano estreito de esgoto" ainda está presente com toda força. O novo trabalho do Monaural nos faz chegar a uma conclusão que a própria banda anuncia: "Tudo se restringe a som e fúria!"









Abaixo uma entrevista com Leandro Ayuso, vocalista do Monaural, na qual ele fala sobre o novo cd, a mudança de baixista na banda, o Grunge e outros assuntos:






Desde o fim de 2007 vocês entraram em estúdio para a gravação do disco, e só agora o album foi lançado. Quais os pontos negativos e positivos com relação a esse longo período de espera?



A gente ficou com o album pronto desde o começo desse ano, trabalhamos bastante nele na última metade de 2007. Tínhamos um suposto selo fechado para o lançamento, no qual tinha previsão para o primeiro semestre de 2008 e "supostamente" ficou no esquecimento ou sei lá o quê. Isso tudo cooperou muito com essa demora, daí chegamos na conclusão de lançar virtual, antes tarde do que nunca.





Quando e como surgiu a idéia de trabalhar com Davi Rodriguez e Clayton Martin na produção do disco?




Conheci o Davi num show do Monaural em meados de 2006. Tínhamos tocado num bar da Vila Madalena, chamado Vila Rock. Ele tinha fotografado o show e gostou da apresentação. Conversamos um pouco sobre a sua idéia de produzir uma banda e acabamos virando amigos. Depois de várias conversas de bar acabamos decidindo as coisas que faríamos no disco, e uma delas era gravar com o Clayton, certamente a melhor escolha a ser feita.



Conte sobre a importância do lançamento do single "Acaba Logo Com Isso" para o Monaural. Você acredita ter sido o momento mais importante da banda até agora?

Precisávamos lançar alguma coisa nova, ainda mais pela demora do lançamento de Expurgo. Tinha muita gente querendo ouvir algo novo da banda, então resolvemos lançar esse single em uma quantidade limitada só para dar aquela esquentada no clima e funcionou muito bem. A aceitação do público foi interessante e nos deu tempo para pensar no que fazer com o disco. Acho que o momento mais importante da banda ainda está para acontecer, mesmo tendo consciência do tamanho do passo que já demos.






Há dois meses o Monaural mudou a formação, entrando o baixista Guilherme Maia no lugar de Gualter. Poderia contar-nos o motivo dessa mudança?




Eu e Gualter nunca nos demos bem, e mantínhamos uma relação restrita somente por tocarmos na mesma banda, e isso nos limitava bastante chegando num limite insuportável. Isso já estava atrapalhando o andamento da banda e ele "resolveu" sair. Agora o Guilherme está conosco, demonstrando ser um cara mais acessível e mais aberto a se relacionar com a gente. Quebrando todo aquele clima ruim que pairava sobre a banda.






Provavelmente você tem conhecimento sobre um assunto, que tem gerado polêmica, essa coisa de bandas que precisam vender ingressos para tocar em festivais. Alguns acreditam tratar-se de uma manipulação dos donos de casas de shows e produtores de evento. Qual sua opinião sobre esse assunto e o que você sugere às bandas que estão começando?




Acho que isso é uma forma descarada de exploração! Sempre que recebo convites desse calão, faço questão de responder a altura. Sugiro que as bandas valorizem seu trabalho e mostrem pra esses caras que isso é errado e que se eles querem ganhar dinheiro com música, que seja honestamente, e não explorando novos artistas! Eu costumo ser bem mal educado com eles. Isso é bom pois eles tendem a não me incomodar mais.






Você já citou em outras ocasiões as bandas que influenciam o Monaural, a maioria delas da cena de Seattle. Vocês também tem influências de bandas brasileiras, na sonoridade ou na temática das letras?




Sim, temos. Quando você passa a fazer parte de uma cena, automaticamente você se depara com diversas bandas e isso certamente acaba te influenciando mais sonoricamente do que qualquer outra coisa. Acredito que minha forma de escrever é algo que desenvolvi sozinho. Não fico prestando muito atenção como as outras bandas fazem. Eu tento fazer do meu jeito, prefiro assim. Ainda leio "Augusto dos Anjos", ele me ajuda bastante.







Antes do Monaural, você esteve em dois projetos musicais: "Bionic Shoes" e "Estéreo". O que foram esses projetos?




Foram minhas primeiras bandas de Rock. "Bionic Shoes" começou em 1997 e passou a se chamar "Estéreo" em meados de 1998, encerrando as atividades em 1999. Certamente elas são consequência do surgimento do Monaural.




Os músicos grunges no Brasil geralmente optam por montar covers de bandas da cena, mas aos poucos essa idéia está se apagando e o Monaural é um dos exemplos de banda grunge que procura fazer seu próprio trabalho. Com isso, você acredita num possível reconhecimento da cena grunge brasileira por parte da MTV e das rádios?




Não acredito que exista uma cena grunge brasileira, e sim bandas que se influenciaram pelo som de Seattle. A gente apenas decidiu fazer nosso próprio som, era mais legal criar do que ficar vivendo uma ilusão...Eu acredito no reconhecimento sim, mas acho que isso depende muito do que cada banda busca e aonde ela quer chegar com seu som.






Até o momento, a crítica e o reconhecimento do album recém-lançado superou suas expectativas?




Está fluindo bem, mas o album ainda não repercurtiu o suficiente. A internet é uma ótima ferramenta mas se você não tiver tempo para usá-la acaba meio que dando na mesma. Estamos deixando o boca-a-boca fazer isso pela gente. Logo mais vamos começar a fazer shows de lançamento do album, daí sim acho que as expectaivas serão superadas!














Monaural:



Leandro Ayuso - voz e guitarra



Guilherme Maia - baixo e voz



Herik Soares - bateria








Links:



MySpace: www.myspace.com/monaural



Comunidade no orkut: http://www.orkut.com.br/Main#UniversalSearch.aspx?searchFor=C&q=monaural